Há quem diga que só há duas certezas na vida: morte e impostos. Enquanto que a primeira é uma inevitabilidade e continuará a ser até que o processo de envelhecimento consiga ser travado, já a segunda depende da existência de um governo funcional e duma sociedade que permita a sua existência. Independentemente dos debates que poderão surgir desta expressão algo sarcástica, entre o nascimento de um novo humano e a inevitável morte ou pagamento de impostos (qual dos dois chegar primeiro), esse indivíduo irá produzir uma pegada. Não estou a falar da pegada ecológica, assunto que já tem sido abordado por tudo o que é especialista. Falo da pegada de dados. Fotos de nascimento, vídeos dos primeiros passos, áudio das suas primeiras palavras, DVDs dos concertos de Natal da escola primária, resmas e resmas de papel com anotações, trabalhos, testes e projetos, … O volume de dados produzido por cada indivíduo é elevado e tudo indica que continuará a crescer, com o acesso cada vez mais generalizado a tecnologias. O que dantes ocupava um baú ou uma estante agora ocupa Gigabytes. Da mesma maneira com que nos preocupamos em organizar o nosso espaço físico, torna-se igualmente importante organizar o nosso espaço virtual. Neste pequeno artigo pretendo listar algumas das possibilidades para armazenamento de dados, em nenhuma ordem em particular.
Redes Sociais
Colocar fotos pessoais em redes sociais, quer sejam Facebook, Instagram ou até mesmo WhatsApp é das piores opções para armazenar dados pessoais. O controlo e gestão dos mesmos fica no controlo da empresa que gere as plataformas e não há garantia que permaneçam na plataforma por tempo indeterminado. Para criar uma analogia, seria o equivalente a colocar fotografias pessoais num placar na praça pública em que toda a gente pode observar o que é lá colocado. O dono do placar reserva o direito de utilizar o conteúdo colocado, e mesmo que se requisite que o conteúdo seja retirado do placar o dono pode ficar com cópias das fotos.
Telemóvel/Dispositivo/Sítio original
A escolha do preguiçoso. Porquê organizar dados quando os posso deixar nos sítios de origem? Claro que se a origem for da internet, não há garantia que se mantenha online para sempre, mas pelo menos se tiver originado da minha câmara ficará sempre no armazenamento flash incorporado. Agora, se pretendo tirar novas fotos terei de ter em conta o espaço disponível. E já que falo nisto, onde é que pus aquele áudio que gravei para um projeto? Em que dispositivo o terei deixado? Espero que não esteja no meu telemóvel antigo, que já o vendi por uns trocos.
Disco Rígido
Uma das opções mais comuns e acessíveis para quem pretende ter tudo num único sítio facilmente acessível. Com discos rígidos portáteis cada vez mais baratos (hoje em dia é possível comprar 4TB por menos de 100€), talvez só haja dois inconvenientes com este meio de armazenamento de dados: um único ponto de falha – acontecendo deita abaixo anos de dados se não houver backups consistentes – e acesso único – só se pode aceder aos dados através do computador ao qual o disco rígido está conectado.
Meios óticos
Guardar fotos em DVDs? Uma opção relativamente comum no início do século, hoje em dia já foi ultrapassada por outros meios mais espaçosos e convenientes. No entanto, gostaria de mencionar esta alternativa por uma perspetiva diferente. Com o investimento de um gravador de Blu-Ray é possível adquirir discos BD-R XL que podem armazenar 100GB ou 128GB. O preço de €/GB continua a ser mais caro que um disco rígido, mas há um factor raramente considerado: longevidade. Discos rígidos têm um tempo de vida variável, podendo durar entre 5 a 20 anos dependendo do uso e das condições de uso. Um Blu-Ray da variedade M-Disc pode durar 1000 anos. Talvez a opção ideal para a criação de um baú familiar ou material herdável.
Serviço cloud de terceiros
Possivelmente a opção mais acessível de todas. Basta ter uma conta, pagar a fatura mensal ou anual e o fornecedor de serviços tem ao dispor não só o armazenamento como toda a infraestrutura, gerida pelo próprio, permitindo acesso em múltiplos dispositivos em qualquer parte do mundo. Pessoalmente, desgosto desta solução. Com os custos permanentes para manter o serviço, o preço pode facilmente ultrapassar outras soluções de preço fixo aqui mencionadas, já para não falar da falta de transparência sobre o tratamento dos dados.
Home Server
A escolha oficial do geek. Arranja-se um computador antigo ou um Raspberry Pi, liga-se uns quantos discos rígidos em RAID e configura-se o software em Linux. O resultado é um servidor que pode ser acedido por qualquer dispositivo na rede local – e com algum trabalho adicional também pode estar exposto à internet – com redundância, impedindo perdas de dados, e até com capacidades de streaming multimédia. Quem é que precisa de Spotify ou Netflix quando armazenas Terabytes de música e filmes no teu servidor local a partir do qual podes fazer stream para a televisão?